
Há aquele costume de desejar uma horinha pequenina a quem está no final da gravidez... Eu, pelo menos, ouvi este voto inúmeras vezes. Como não poderia deixar de o fazer, vim relatar o parto, mas fá-lo-ei de uma forma bem curtinha, quase telegráfica! Sinceramente nem quero relembrar tais momentos em pormenor...
1h30 - A bolsa das águas rebenta com um pontapé certeiro da Bailarina :) Eu não digo que a rapariga é tramada?! O engraçado é que o papá estava com a mão na barriga e sentiu-o! Eu fiquei um pouco zangada com ela, primeiro porque sempre nasceria dia 28 como sonhara de véspera (e eu estava com vontade que ela nascesse apenas às 40 semanas), mas mais importante que isso fiquei zangada porque estava cheia de sono e nesse momento soube que teria outra noite sem dormir :S (Na noite anteriormal consegui pregar o olho com dores. Mal sabia eu que já eram dores do parto...)
3h30 - Dou entrada no hospital.
3h30 às 7h - Cintas. Dores. Exercícios de respiração. Período de dilatação.
7h às 8h - Quatro dedos de dilatação e passo para a sala de partos onde me é dada a epidural. O sol começa a nascer. Alívio. Verificam a glicémia, colocam-me a soro. Mais tarde volto a medir e dão-me insulina.
9h30 - O marido chega. As contrações abrandam. Soro com oxitocina.
- O ritmo cardíaco da Bailarina tem flutuações. Colocam-me o oxigénio e colocam um aparelho na cabeça da bebé para a monitorizarem melhor. Médicos e enfermeiras verificam o que se passa, mas não descobrem a causa das irregularidades.
Daqui em diante perdi noção do tempo...
? - A epidural estava lateralizada e volto a sentir as contrações com intensidade, mas apenas no lado direito. Nova tentativa de colocação da epidural.
? - Ecografia para verificar a posição da Bailarina. Má posicionamento. Manobras de reposicionamento. Fiz alguns minutos de puxos e já consegui uma dilatação de 8 dedos.
? - Muitos minutos, (horas???) de puxos em várias posições. Colo do útero que cede e é empurrado para fora juntamente com a cabeça da bebé. Várias tentativas de o colocar no sítio.
? - Antibiótico. (A bolsa estava rompida há muitas horas)
? - Mais puxos. Episiotomia. Puxos. Nova episiotomia.
? - Ventosa. 4 obstetras, várias enfermeiras e internos na sala. Uma obstetra deitada na minha barriga a comprimi-la durante as contrações e os puxos. Sangue, muito sangue. O colo do útero continua a não colaborar. O monitor da bebé está constantemente a apitar por falta de pulsação (Começo a desconcentrar-me da minha tarefa). O meu monitor apita a cada puxo por risco de taquicardia. Fico com o corpo todo cheio de pintas de sangue de fazer tanta força. O marido está sempre ao meu lado a ajudar e a mimar-me. Concentro-me apenas no que diz o obstetra que está a fazer o parto.
15h - Nasce a Bailarina completamente azul, com a cabeça toda deformada, com o cordão à volta do pescoço e sem respirar. Passaram os piores minutos da minha vida enquanto a levam para outra sala ainda sem respirar. Ouve-se um choro fraquinho. Informam-me que tem 2575g, 46 cm e colocam-na no meu colo :´)
? - A placenta é removida minutos depois e começam a coser. O tempo pára enquanto admiro a nossa bebé linda que não pára de tentar manter os olhos bem abertos apesar da luz intensa que lhe está a ser projetada diretamente no rosto :D
Afinal não foi tão telegráfico assim... eheheheh